sábado, 11 de março de 2023

Por que todo homem deveria fazer sexo com outro homem (18+)


 Este é um anúncio de utilidade pública: seria muito bom que você soubesse que todos estaríamos melhor se você, macho, explorasse os vários degraus da escala Kinsey.

Vou direto ao ponto: todo homem deveria fazer sexo com outro homem. Não estou falando de roda de punheta na adolescência ou pequenas broderagens que são básicas da experiência de crescer para alguns de nós; quero dizer sexo total, de sacudir a alma, intenso, boca-na-boca. Não quero acabar com a "heterossexualidade"; na verdade, acho-a bastante cativante. Onde estaríamos sem Ross e Rachel de Friends, por exemplo, e sua visão de uma década sobre a previsibilidade esmagadora de relacionamentos "héteros"? Mas tenho a sensação de que o mundo poderia ser um lugar melhor se todos os homens dormissem com outros homens pelo menos uma vez. Não vai consertar tudo — ainda vamos torrar suavemente em temperaturas vertiginosas e os pregadores de ódio nas mídias sociais ainda destilarão seu veneno divisivo — mas, geralmente, se os homens se abrirem para a experiência, a vida pode ser mais suportável para aqueles com mais a temer de homens ditos "héteros". Em resumo, todos nós.


Olha, eu sou um homem e, portanto, sei que nem todos os homens são horríveis e é prova do meu caráter que ainda posso dizer isso, apesar de toda a minha adolescência e boa parte de minha vida adulta sendo perseguido por andro-homofóbicos, mesmo que eu não me enquadre no tipo afeminado (por eu ser mais inteligente que a média, preferir ficar em casa a sair e não ser fã de futebol já bastava para me rotularem de "menininha" e me perseguirem). A maioria dos homens ditos "héteros" está tentando viver suas vidas, ir trabalhar, pagar contas, consertar o Wi-Fi e encontrar alguém disposto a rir de suas piadas. A maioria não quer causar danos físicos aos outros, mas seja você um homem que ama homens (exclusivamente ou não), uma mulher ou alguém do terceiro gênero ("transgênero", "não-binário", interssexual, etc.), é mais provável que seu agressor seja um cara dito "hétero". Temos medo deles (sim, sejamos francos) e nunca sabemos se eles vão nos machucar até que seja tarde demais. Na verdade, é mais provável que o atacante de um cara dito "hétero" seja também outro homem dito "hétero", então temos um problema. Um problema de empatia? Algum tipo de "se achar no direito" evolutivo residual que impede muitos homens de se expressarem de qualquer outra forma que não seja paranóia extrema?


Muitos homens ditos "héteros" relutam em se comprometer ou entender o resto do mundo porque se sentem muito confortáveis ​​nele. Isso pode ser novidade para os oprimidos que não se sentem privilegiados, mas ser um homem "hétero" não significa automaticamente zero problemas. Então, quando eles veem o campo de jogo se inclinando um pouco, eles podem ficar com raiva ou zelosos sobre seu domínio, percebendo que justiça ou igualdade resultará em uma perda pessoal para eles. Isso não é novo — a sociedade gosta que os homens pensem assim. Estou divagando, vamos voltar para a ação homem-a-homem.


Como o sexo com outro homem ajudará? Como alguém interessado em estórias, sempre leio/ouço sobre personagens com quem podemos nos identificar, sobre como fazer os leitores torcerem por eles. Talvez a resposta seja tornar o resto de nós mais identificável com os homens ditos "héteros", para que nossa humanidade se torne mais aparente, para que tais homens deem uma parte de si mesmos para nos colocar em pé de igualdade. Como um sindicato, sua sobrevivência depende de um acordo coletivo, de todos terem interesse, ricos ou pobres, da capacidade de ver o bem maior. Para pegar emprestado um clichê de "coaches" mequetrefes, sair da sua zona de conforto — e sexo com outro homem pode te deixar muito desconfortável, às vezes mesmo para nós que gostamos — pode te deixar com a mente mais aberta. Talvez a intimidade de estar com outro homem possa cultivar empatia.


Com exceção das mulheres que fazem sexo exclusivamente com outras mulheres, você finalmente saberá o que o resto de nós está passando. Você estará mais perto de outro homem do que nunca. Ele é como você, mas não o mesmo. Vocês podem não ter a genitália idêntica (graças ao Deus Falo pelos nossos paus e sacos serem tão diversos), mas você conhecerá a mente de um homem, conhecerá as consequências de cada movimento, como é ser tocado — embora os níveis de intensidade e prazer variem. Como homem dito "hétero", talvez você nunca tenha considerado a confiança necessária ao dormir com um cara, o risco que estamos correndo. Existe um contrato tácito, você está se tornando vulnerável, cada parte do processo depende de você cuidar um do outro.

Para que isso funcione, não pode ser apenas um cio funcional; deve ser uma união sensual e romântica. Você tira a jaqueta, aceita uma bebida, cheirando-a, caso algo esteja errado. Afinal, você sabe como são os homens — você é um. Você pergunta sobre proteção ou simplesmente espera que o outro esteja preparado? Enquanto você beija, você força sua língua ou espera, então empurra de volta? Tanta coisa para pensar. Cada toque ou impulso é uma promessa de que ambos sairão vivos. Agarrar as bolas traz o risco de machucá-las. Quão gentil ele será? Como você diz a ele para ir devagar, se acalmar ou acelerar as coisas? Ele vai ouvir? Você localizou as saídas caso as coisas fiquem um pouco brutas demais — oh, nós podemos ser brutos no sexo com outro homem, a propósito. Você sente as pontas dos dedos dele correndo sobre sua pele; você pode ouvir os pensamentos deste homem através desse toque? Você pode olhar nos olhos deste homem e ver a verdade de nossa existência, que os rótulos são ferramentas inúteis que, naquele momento divino, não significam nada. Eles não são mais importantes durante o sexo do que o número do seu CPF ou a lista de resultados do ENEM. Imagine deixar tudo derreter.

Este homem, esfregando-se sobre ou movendo-se sob você, que te agarra e te arranha, seus dois corpos bem unidos como uma camada de tinta na parede, ele tem os mesmos medos que você, sente alegria como você — ele tem pessoas que o amam e aqueles que o temem. Por mais que vocês consigam estar um dentro do outro (e não estou falando especificamente de pau-no-cu), é como se tivessem um sentido extra que capta cada vulnerabilidade. É claro que, por mais bombásticos que muitos de nós sejamos na cama, uns poucos azarados podem não gostar ou achar a "heterossexualidade" muito forte para deixar de lado e aceitam o ato sexual como uma breve troca de ideias com benefícios mútuos. Você pode não gostar ou conseguir manter uma ereção o tempo todo, mas fique por perto, observe o rosto dele enquanto ele chega lá (eu adoro olhar as caras e bocas que o macho que está comigo faz quando goza).

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Você não precisa fazer isso de novo; ninguém está te forçando. Não precisa "se assumir" nem nada (muitos caras que transam com caras continuam a se identificar como "héteros"). Não é "a resposta": homens que amam homens têm seus próprios problemas dentro de nossa fatia da sociedade — racismo, misoginia, transfobia, etarismo (preconceito com idade), capacitismo (preconceito com portadores de deficiências), eu poderia continuar... Realmente somos como você, receio. Ainda somos propensos à violência: alguns estudos sugerem que relações entre pessoas do mesmo sexo são mais propensas a serem violentas do que relações entre pessoas de sexos opostos.


Tenho razões egoístas para defender esta causa. Não, não estou oferecendo meus serviços: sei que é uma fantasia comum para muitos homens que curtem fazer sexo com outros homens, mas não tenho interesse em deflorar meus camaradas ditos "héteros". Não, estou entusiasmado com a ideia de que você terá um controle a menos sobre nós. Se você sentiu a madeira de outro homem e/ou fez outro homem sentir a sua, suas piadas (andro-)homofóbicas não terão sentido. Você terá feito exatamente aquilo pelo qual sempre nos ridicularizou. Muitos -ismos e -fobias vêm do medo do desconhecido, de expor sua masculinidade e de abrir mão do poder, de ver as coisas de outra maneira. Obviamente a nossa masculinidade deve ser apreciada e estimulada, ela sempre terá valor. Todos gostamos da masculinidade natural, não aquela "heterossexualizada", esculpida a partir do abuso do diferente. Machos de verdade, que protegem os menos fortes ​​e defendem a justiça. Então, talvez depois de fazer sexo com outro homem, mesmo que você descubra que não gosta, você saberá que não há nada a temer.


Imagine se fosse bom que você gostasse, mesmo que tenha sido apenas uma vez — uma sociedade onde pudéssemos expressar nossas sexualidades mais livremente, incluindo você. Você pode ser "principalmente hétero" por dentro (lembre-se: a maioria dos homens se sentem sexualmente atraídos por outros homens), mas se o mundo fosse mais indulgente, se todos os homens compartilhassem esse terreno comum, você também poderia mostrar isso por fora. Não tem nada a ver com adotar um "estilo de vida 'gay'" — seja lá o que isso for — mas ocasionalmente mergulhar nessa parte de sua psique e sexualidade. As pessoas que amam o mesmo sexo seriam tão assustadoras ou intrigantes para você? Estigma, medo e suspeita pareceriam muito menos poderosos depois que você sentisse o aperto da mão de outro homem em seu pau latejante.


Eu vivo na esperança. Faça sua parte. Pelo bem do povo e felicidade geral do mundo.


Adaptado de GQ Magazine.



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